terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Acerto de contas.

- Você pode me dizer o que veio fazer aqui a uma hora dessas, Ana?
- Não me importo com as horas. Eu não poderia deixar isso pra depois.
- Deixar o quê? Do que você está falando?
- Isso.
Ana tira do bolso um anel e o joga no chão. A pequena pedrinha de diamante se espatifa em vários pedacinhos miúdos. 
- Por que a cara de surpresa, Caio? Não sabia que eu ainda tinha o anel que você me deu quando me pediu em namoro? Ainda tinha. E ainda lembro. Lembro de tudo o que você me disse. Eu lembro que naquele dia nós jantamos em um restaurante bacana. Eu pedi uma sobremesa de chocolate, e você uma de baunilha. Você segurou a minha mão durante o jantar inteiro, e falou todas essas merdas que alguém diz quando acha que está gostando de alguém. Claro, na época você disse que tinha certeza do que estava falando. Hoje nós sabemos que não, que não passava de ladainha. Dava pra ver sinceridade nos seus olhos. Como que você consegue fazer isso? Como que você consegue não se entregar nas expressões? Você fingiu tão bem. E eu, estúpida, mesmo depois de ter levados inúmeros chutes no traseiro, acreditei em cada palavra que saiu da sua boca.
- Ana, isso é desnecessário, nós tínhamos terminado numa boa.
- Sim, mas foi escolha minha. Eu que disse que não queria brigar. Eu que disse que não queria que nós nos afastássemos. E você acatou. Disse que queria a mesma coisa. Que mesmo após o término, iria continuar me ligando. Prometeu que manteríamos contato. Filho da puta! Você nunca mais me ligou, Caio. 
- Nós nos vimos um dia desses, não te lembras?
- Sim, claro. Cinco minutos depois você saiu correndo dizendo que tinha um compromisso. Não parecia sentir a minha falta tanto quanto eu sentia a sua. Mas uma coisa que você disse, de todas aquelas porcarias, era verdade.
- O quê?
- Um dos dois sempre ama mais.
- Ana...
- Você é um idiota. Esquece o que eu disse da última vez. Eu não quero terminar numa boa. Eu não quero que a gente fique bem. Eu quero que você finja que nunca me conheceu. Se, por acaso, nos encontrarmos por aí, você faça o favor de não olhar pra mim, e muito menos falar comigo. Eu apagaria todos os momentos bons que tivemos... se eu pudesse. Eles nunca vão ser superiores aos ruins que você me fez passar logo depois. 
- Tudo bem, Ana.
- Babaca!

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