terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Tão distante.

Eu estava lá. Acordando. Tomei café da manhã. Oito horas de trabalho, três horas de aula e uma de academia me aguardavam. No fim do dia, dormia. E foi assim durante alguns dias. Até que você cruzou o meu caminho. Não deu pra não notar o seu sorriso, seus olhos, o contorno da sua boca, a sua voz. No dia seguinte, alguma coisa estava diferente. A rotina era a mesma, mas parecia que eu tinha algo mais a fazer. É, agora, eu pensava em você. Modelava as cenas na minha cabeça. A gente se encontrando depois de meses trocando mensagens, conversas e sorrisos. Confidências, rotinas e aborrecimentos. Promessas, muitas promessas. E eu quero tanto te ver. Eu quero tanto poder de te dizer pessoalmente o que só é possível ser feito por uma mensagem, ou por um texto como esse que escrevo agora. Eu sei, parece algo meio superficial. Me sinto ruim por estar - de certa forma - com as mãos atadas. Fico na torcida pra você acreditar em tudo que eu digo, mesmo que eu não possa fazer isso olhando nos seus olhos. Mesmo que depois de dizer que gosto de você, eu não posso te beijar em seguida. Você teria certeza absoluta do que eu sinto, se eu pudesse falar tudo que eu quero segurando sua mão. Você comprovaria o meu vício por filmes, livros e seriados. Me assistiria devorar uma tigela enorme de açaí. Me veria acordar de mau humor, falaria para eu deixar de ser enjoado e ir pra cozinha tomar café. Você iria ver meu mau humor se dissipar a cada torrada engolida com um gole de café. "Era fome", eu digo, enquanto passo a minha mão nos seus cabelos. Pergunto se você dormiu bem, e você balança a cabeça com a boca cheia. "Hunrum", você responde. Nossa, eu quero tanto poder te abraçar bem forte. Assistir um filme contigo. Passar um dia inteiro com você sem fazer absolutamente nada. Deitarmos na cama, fecharmos a cortina para que o sol não atrapalhe, e matar a saudade. Eu quero poder estar ao seu lado quando receber uma notícia ruim. Te oferecer um conselho, um carinho, um colo, um abraço, um beijo, meu silêncio, uma bebida quente. "Eu nunca vou sair de perto de ti", eu digo. E eu não iria sair mesmo. Seria teu porto seguro, a primeira opção da agenda do seu celular, seu número de emergência, a única pessoa que saberia como lidar com você em casos onde ninguém conseguiria te ajudar sem atrapalhar mais ainda. Cresceríamos juntos, apoiando um ao outro, eu te daria força para arriscar aquele emprego que você tanto gostaria que fosse seu, e você faria o mesmo por mim. E então, nós nos daríamos conta de que já passou um ano. "Passou tão rápido", você diz. Fotos, histórias, almoços, jantares, dialogos interminaveis, silêncios necessários, brigas sem a preocupação de que pudêssemos magoar um ao outro. Jamais diria algo que pudesse te ferir. A intenção é justamente fazer o contrário: te proteger. Colocar você nas costas quando não puder andar. Te surpreender quando você menos esperar. "Hoje é algum dia importante?", você me pergunta. "Não, seu bobo. Só queria que você soubesse que eu te amo." E daí, você fica desconcertado. Toda vez que eu penso em você, deixo escapar um sorrisinho de felicidade. Será? Será que depois de tantos erros, eu finalmente darei um passo certo? É, as histórias que vivi não foram um retrocesso, foram um avanço. Cada queda, amores não correspondidos, e era esse o prêmio caso eu não desistisse: você. Se eu soubesse, mas a gente nunca sabe. E mesmo que soubesse que todo esse caminho complicado me levaria até você, eu passaria por ele de novo, quantas vezes fossem necessárias. É complicado, eu sei. A distância é como um soco na boca do estômago. É tão mais fácil quando não precisamos pegar um avião, basta ir até a esquina, pegar um táxi. Ali, ao alcance das mãos, sem precisar desembolsar uma valor extra que, às vezes, nem possuímos. Não posso te pedir que me espere, ou que não toque sua vida pra frente. A ideia de ficar só, é uma opção minha, e não tem exatamente a ver com você. Já era o que eu queria, antes mesmo de você cruzar meu caminho. Mesmo assim, mesmo com toda essa incerteza, nada do que eu digo é da boca pra fora. Nada do que eu digo é conversa fiada. A distância não agrava o que eu sinto, não me dá a oportunidade de dizer qualquer coisa irresponsável, ou sem ser medida. Eu espero, de verdade, que a rua cuja qual eu me encontro agora, possa um dia cruzar com a tua. A verdade é que eu gosto mesmo de você e ponto final.

Um comentário:

  1. Está é a dor de quem ama e tem um mapa inteiro entre os corações.ótimo texto

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