quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Valores de merda.

Eu observo algumas pessoas e tento imaginar de onde vem aquela felicidade. Rapaz, o mundo está uma merda. Você está na merda. A saúde do Brasil está na merda. Daí eu resolvo sair numa dessas noites de sábado, e a festa acaba às três da manhã, quando não, a bebida esquenta lá pela meia noite. Não há gente interessante, música boa, nem botecos abertos até o amanhecer do dia. Só aquela gente pulando de braços abertos, querendo foder e amar, tudo numa noite só, buscando saciar os prazeres da carne e um amor pra vida toda. Meninas de saia longa sem calcinha, prontas pro que der e vier, e as ditas “vulgares” viciadas em poesia. Caras mostrando o que não são, dirigindo um dinheiro que eles não tem, sorrindo uma alegria que sequer existe. Um cara cutuca meu braço e me chama até o canto. “Ali nós podemos conversar melhor”, ele diz. Quer sair comigo, mas não quer que eu diga pra ninguém. “Nem meu melhor amigo?”, pergunto. Ninguém. Ele é irredutível. Depois mostra a aliança gritando no dedo. Pensei em perguntar se a mulher dele sabia, mas depois desisti. Claro que não sabia. Elas nunca sabem. Geralmente estão em uma reunião, vão chegar atrasados, “não me espere acordada querida, tenho um relatório para fazer e não posso deixar para amanhã de manhã”. Depois ele chega de madrugada, dá um beijo no seu rosto, e ela é incapaz de desconfiar de qualquer coisa. Quando não, aproveitam enquanto a mulher está trabalhando, e levam os amantes para a mesma cama onde ela se joga quando chega do expediente e abre as pernas pra ele. Será? Talvez não. Talvez o casamento seja frio, sei lá. Cada caso é um caso. Não há vergonha ou ressentimento por parte deles. É normal. Trair o outro, e mais, trair a si mesmo é completamente natural. E não é? O ser humano passa por cima dos próprios valores quando quer alguém ou alguma coisa. Como eu disse lá em cima: não há gente interessante. Não há gente sincera. A verdade é mutável, não se sustenta mais nas próprias pernas por mais de um minuto. Tudo é dito da boca pra fora. As pessoas fedem. Resolveram se tornar o pós-carnaval. As ruas sujas, mijadas, cheias de lixo espalhados pelo chão. Namorar é complexo demais, não é compreensível. O ser humano ficou mais inteligente e, também, mais estúpido. Ficar parece ser um caminho mais fácil. Atende as necessidades que o corpo exige, mas sem se meter em uma confusão. Sim, amar virou sinônimo de confusão, dor de cabeça. Cálculos sem resultado algum, um verdadeiro quebra-cabeça com peças faltando. Não somos mais o que éramos há alguns anos atrás, e nem defendemos o que defendiam as nossas bisavós. A borda que envolve as pessoas é feita de material reciclável para não agredir a natureza. E o recheio? Que recheio?

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